segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

1955 - Carta da Liberdade


A Carta da Liberdade é um documento fundamental da causa antiapartheid na África do Sul aprovado pela Aliança do Congresso, com a participação de Nelson Mandela.

O texto foi elaborado em meados da década de 1950, e aprovado pelo Congresso do Povo reunido em Kliptown (Soweto, em 26 de Junho de 1955.

A Carta defendia igualdade de direitos para todos os cidadãos sul-africanos, independente de sua etnia, e ainda a reforma agrária, melhoria das condições de vida e trabalho, justa distribuição de renda, obrigatoriedade do ensino público e leis efetivamente justas; foi instrumento importante na luta contra o apartheid.

Segue tradução da carta:

" NÓS, O POVO DA ÁFRICA DO SUL, PARA DECLARAR TODO O NOSSO PAÍS E DO MUNDO A SABER:
- Que a África do Sul pertence a todos os que nela vivem, negros e brancos, e que nenhum governo pode afirmar autoridade a menos que se baseia na vontade de todos os povos; - Que nosso povo tem roubado de sua terra de nascença, a liberdade ea paz, uma forma de governo fundado na injustiça e da desigualdade; - Que o nosso país nunca será próspero e livre até que todo o nosso povo viver em fraternidade, que gozam de direitos e oportunidades iguais; - Que somente um estado democrático, baseado na vontade de todos os povos, pode garantir a todos o seu direito de primogenitura, sem distinção de cor, raça, sexo ou crença; - E, portanto, nós, o povo da África do Sul, negros e brancos juntos iguais, compatriotas e irmãos adoptar esta Carta da Liberdade; - E nós nos comprometemos a lutar em conjunto, poupando nem a força nem coragem, até que as mudanças democráticas aqui estabelecidas forem ganhas.

O POVO GOVERNARÁ!
- Cada homem e cada mulher tem o direito de voto e de elegibilidade de todos os órgãos que fazem as leis; Todas as pessoas têm o direito de tomar parte na administração do país; - Os direitos do povo será a mesma, independentemente de raça, cor ou sexo; - Todos os órgãos de governo minoritário, conselhos consultivos, conselhos e entidades devem ser substituídos por órgãos democráticos de auto-governo.

TODOS OS GRUPOS NACIONAIS TÊM IGUALDADE DE DIREITOS!
- Não haverá estatuto de igualdade nos órgãos do Estado, nos tribunais e nas escolas de todos os grupos nacionais e raças; - Todos os povos têm igual direito de utilizar suas próprias línguas, e desenvolver a sua própria cultura popular e costumes; - Todos os grupos nacionais devem ser protegidos por lei contra os insultos à sua raça e orgulho nacional; - A pregação ea prática da corrida nacional, ou a discriminação de cor e desprezo deve ser um crime punível; Todas as leis do apartheid e práticas deve ser anulado.

O POVO DEVE COMPARTILHAR DA RIQUEZA DO PAÍS!
- A riqueza nacional do nosso país, a herança dos sul-africanos, devem ser restauradas para o povo; - A riqueza mineral sob o solo, os bancos e o monopólio da indústria devem ser transferidos para a propriedade do povo como um todo; - Toda a indústria e comércio deverão ser controlados para ajudar o bem-estar do povo; - Todas as pessoas devem ter direitos iguais ao comércio onde escolher, para a fabricação e entrar todos os ofícios, ofícios e profissões.

A TERRA DEVE SER COMPARTILHADA COM AQUELES QUE TRABALHAM NELA!
- Restrições da propriedade da terra em uma base racial devem ser eliminadas e toda a terra deve ser dividida entre aqueles que trabalham para banir a fome e a fome de terra; - O Estado deve ajudar os camponeses com implementos, sementes, tratores e represas para salvar o solo e ajudar os perfilhos; - Liberdade de circulação deve ser garantida a todos os que trabalham na terra; - Todos têm o direito de ocupar a terra onde venham a escolher; - As pessoas não devem ser privadas de seu gado e os trabalhos forçados e prisões agrícolas devem ser abolidas.

TODOS SÃO IGUAIS PERANTE A LEI!
- Ninguém pode ser preso, deportado ou restrito, sem um julgamento justo; - Ninguém pode ser condenado por ordem de um funcionário do Governo; - Os tribunais devem ser representativos de todo o povo; - Prisão deve ser apenas para crimes graves contra as pessoas e deve visar à reeducação, não vingança; - A polícia e o exército deverão ser abertos à todos em igualdade de condições e devem ser os ajudantes e protetores do povo; - Todas as leis que discriminam por motivos de raça, cor ou crença devem ser revogadas.

TODOS GOZAM DE IGUALDADE DE DIREITOS HUMANOS!
- A lei garante a todos o seu direito de falar, de organizar, se reunir, a publicar, para pregar, para adorar e para educar os seus filhos; - A privacidade da casa das batidas policiais são protegidos por lei; - Todos devem ter a liberdade de viajar, sem restrição do campo para a cidade e de província para província, e da África do Sul no exterior; - As leis de passe, licenças e todas as outras leis restringindo as liberdades devem ser abolidos.

HAVERÁ TRABALHO E SEGURANÇA!
- Todos os que trabalham devem ter a liberdade de formar sindicatos, para eleger os seus oficiais e de fazer acordos salariais com os empregadores; - O Estado reconhece o direito e o dever de todos para o trabalho e deve elaborar prestações de desemprego total; - Homens e mulheres de todas as raças devem receber salário igual para trabalho igual; - Haverá quarenta horas semanais de trabalho, um salário mínimo, férias anuais remuneradas, licença por doença e para todos os trabalhadores, e licença de maternidade na remuneração total para todas as mães que trabalham; - Os mineiros, trabalhadores domésticos, trabalhadores rurais e funcionários públicos devem ter os mesmos direitos que todos os outros que trabalham; - O trabalho infantil, trabalho composto, o sistema de tot e contrato de trabalho devem ser abolidos.

AS PORTAS PARA A CULTURA E O APRENDIZADO DEVEM SER ABERTAS!
- O governo deve descobrir, desenvolver e incentivar o talento nacional para o reforço da nossa vida cultural; - Todos os tesouros culturais da humanidade serão aberto a todos, por livre troca de livros, idéias e contato com outras terras; - O objetivo da educação é ensinar os jovens a amar seu povo e sua cultura, de honrar a fraternidade humana,da liberdade e da paz; - A educação deve ser gratuita, obrigatória, universal e igual para todas as crianças, ensino superior e formação técnica, serão abertos a todos por meio de subsídios estatais e bolsas concedidas com base no mérito; - O Analfabetismo adulto deve ser eliminado por um plano de ensino de massa pelo Estado; - Os professores devem ter todos os direitos dos outros cidadãos; - A distinção de cores na vida cultural, no desporto e na educação deve ser abolida.

HAVERÁ CASAS, SEGURANÇA E CONFORTO!
- Todas as pessoas devem ter o direito de viver onde escolher, dispor de moradia digna, e para trazer sua família com conforto e segurança; - Espaço de habitação não utilizada deve ser colocado à disposição do povo; Taxas e preços devem ser reduzidos, a comida abundante e ninguém deverá passar fome; - Um sistema de saúde preventiva deve ser executado pelo Estado; - Assistência médica gratuita e de hospitalização deve ser fornecida para todos, com atenção especial para as mães e crianças jovens; - Favelas devem ser demolidas, e os subúrbios reconstruídos no local onde todos têm transporte, estradas, iluminação, campos de jogos, creches e centros sociais; - Os idosos, os órfãos, os deficientes e os doentes devem ser tratados pelo Estado; - Descanso, lazer e recreação são direitos de todos; - Guetos e locais cercados serão eliminadas, e as leis que quebram as famílias devem ser revogadas.
HAVERÁ PAZ E AMIZADE!
- A África do Sul será um Estado totalmente independente, que respeita os direitos e a soberania de todas as nações; - A África do Sul deve se esforçar para manter a paz no mundo e à resolução de todos os conflitos internacionais pela via da negociação - a guerra não; - Paz e amizade entre todos os nossos povos serão garantidos por defender a igualdade de direitos, oportunidades e qualidade de todos; - O povo dos protetorados Basutoland, Bechuanaland Suazilândia estarão livres para decidir por si seu próprio futuro; - O direito de todos os povos da África para a independência e auto-governo deve ser reconhecido e será a base de uma cooperação estreita.

Deixe todas as pessoas que amam o seu povo e o seu país agora dizer, como dizemos aqui: POR ESTAS LIBERDADES NÓS LUTAREMOS, LADO A LADO, AO LONGO DE NOSSAS VIDAS, ATÉ QUE NÓS GANHAMOS NOSSA LIBERDADE ! "


Fonte do texto (em inglês): http://www.anc.org.za/show.php?id=7 (este link substitui o antigohttp://www.anc.org.za/ancdocs/history/charter.html , reorganizado pelo site da ANC - African National Congress)

domingo, 8 de dezembro de 2013

2010 - Livro - Conversas que Tive Comigo

 

Nelson Mandela é um dos líderes políticos mais conhecidos e respeitados do mundo. A pessoa que leva esse nome é considerada um herói de seu tempo, uma das grandes figuras da História do século XX. Os quase trinta anos de prisão que passou junto com outros líderes de sua geração deram origem ao mito da criação da “nova África do Sul”. Sua vida foi apresentada em inúmeras publicações, de biografias a artigos em revistas, de filmes comerciais a documentários para TV, de livros em edições de luxo a suplementos de jornais, de canções de liberdade a poemas de louvor, de websites institucionais a blogs pessoais. Mas, quem ele realmente é? O que ele realmente pensa? 


Conversas que tive comigo é a radiografia de um ícone que, aqui, se mostra uma pessoa comum, com suas inseguranças, temores, dúvidas e insatisfações. A obra oferece aos leitores acesso ao Nelson Mandela por trás da figura pública, a partir de seu arquivo pessoal, composto desde rascunhos de cartas e discursos a anotações pessoais, rabiscos feitos durante reuniões, notas em diário, relatos de sonhos e até registros de peso e pressão sanguínea e listas de afazeres. 

O projeto do livro teve origem em 2004, na inauguração do Centro Nelson Mandela de Memória e Diálogo. Conversas que tive comigo só foi possível, entre outras coisas, por conta do empenho da equipe de pesquisadores da fundação, que fez um impressionante trabalho de recuperação dos documentos – muitos perdidos ao longo dos anos ou retidos por carcereiros. Mas, esse livro de memórias aconteceu, principalmente, por causa do próprio radiografado, um obsessivo arquivista e produtor de registros. Senão, como explicar suas anotações diárias feitas nas viagens pela África em 1962, ou os cadernos de rascunho da maioria de suas cartas nos anos de prisão, ou a agenda repleta de observações e compromissos metodicamente assinalados? 


Conversas que tive comigo está dividido em quatro partes: a primeira, reúne as cartas da prisão, datadas de 1969 a 1971; a segunda reproduz conversas gravadas em encontros informais e íntimos. São 50 horas de conversas com Richard Stengel, quando os dois trabalhavam no livro Longo caminho para a liberdade, e cerca de 20 horas com Ahmed Kathrada, que foi sentenciado junto com Mandela e outros seis condenados à prisão perpétua em 12 de junho de 1964; a terceira parte do livro traz os cadernos mantidos por Mandela. Estão lá os registros de sua viagem pela África e Inglaterra, as notas sobre o aprendizado de táticas revolucionárias e de guerrilha, a busca de apoio de líderes de países que tinham conquistado a independência recentemente e outras anotações anteriores à sua ida para a prisão. Outros cadernos, posteriores à sua libertação, contêm reflexões pessoais, relatórios de reuniões e rascunhos de cartas, entre outras anotações; a quarta parte, por fim, é composta por uma sequência inacabada de Longo caminho para a liberdade. A ideia de uma possível continuação do livro acabou caindo por terra por conta de suas obrigações como presidente da África do Sul e vários outros compromissos. 

Em meio a todo esse material estão desde anotações em agendas que sinalizavam a rotina na prisão até cartas como a endereçada à Universidade da África do Sul, de 1987, em que Mandela pedia a isenção de uma disciplina (enquanto estava na prisão, ele continuou seus estudos e obteve o diploma em Direito em 1989) e emocionantes relatos como a carta que escreveu a suas filhas Zeni e Zindzi, sobre a prisão da mãe delas – e então sua segunda mulher, Winnie – em 1969, e o quanto elas teriam que amadurecer e ser fortes na ausência dos pais: “Mais uma vez sua querida mamãe foi presa e agora ela e papai estão na cadeia. Meu coração sangra quando penso nela sentada numa cela policial longe de casa, talvez sozinha e sem ter alguém com quem conversar e sem nada para ler” , relata. Sobre carta dirigida desta vez a Winnie, Mandela escreve depois de saber da morte do filho dele, Thembi, em um trágico acidente: “minha mente e meus sentimentos estavam agitados pela percepção das tensões que minha ausência de casa havia imposto a meus filhos.” 
 
Num relato direto e absolutamente pessoal, Mandela brinda o leitor com impressões, pensamentos e sentimentos que revelam o todo de um homem comum e, ao mesmo tempo, fascinante. 


Fonte Rocco: Link

2006 - Livro - Mandela: A Critical Life

 
"Mandela: A Critical Life", do analista político Tom Lodge, pode provocar alguma surpresa com o retrato humano que traça e as ocasionais críticas brandas feitas a um homem visto por muitos no mundo como um santo secular.

Entretanto, como a humildade é uma de suas qualidades mais cativantes, parece pouco provável que Mandela, que em 18 de julho completa 88 anos, faça alguma objeção ao livro.

"Na corte e na escola, Mandela aprendeu princípios de etiqueta e de cavalheirismo que continuaram a ser preceitos importantes para ele ao longo de sua vida pública", escreve Lodge, que é professor de estudos de paz e conflito na Universidade de Limerick, na Irlanda, e comentarista de assuntos sul-africanos há anos.

"A ausência de contatos intimidadores ou humilhantes com brancos em sua infância é importante e, até certo ponto, diferencia sua infância da de muitos outros sul-africanos."

A atenção que o autor dedica à infância de Mandela e a importância dela para o desenvolvimento posterior do político diferencia o livro de outras obras sobre Mandela, que tendem a focalizar seu ativismo na vida adulta e os anos que ele passou na prisão.

Nascido num clã de conselheiros reais de um chefe de importância maior, Mandela cresceu num mundo de tradições sociais rígidas, o que ajuda a explicar seu respeito pela autoridade e as boas maneiras.


DISCIPLINA

O internato metodista em que estudou pode lhe haver conferido a disciplina que o distinguiu pelo resto da vida.

Lodge descreve que, na instituição metodista de Healdtown, onde Mandela estudou, "as relações entre os docentes brancos e negros eram pelo menos formalmente respeitosas".

Esse espírito seria encontrado também na Universidade de Witwatersrand, onde Mandela estudou direito e, na década de 1940, entrou em contato com radicais brancos.

Ele se interessou pelo nacionalismo africano e, num primeiro momento, desconfiou dos comunistas, aos quais acabou aderindo como parte da luta multirracial unida contra o apartheid.

Sua crença no multirracialismo, na década de 1950 -- a época em que o Partido Nacional, que chegara ao poder em 1948, estava endurecendo as leis do apartheid -- se tornaria um tema dominante em sua carreira política com o Congresso Nacional Africano (CNA).

Lodge relata e procura explicar a ascensão de Mandela à condição de superastro no palco mundial.

É uma condição que ele goza até hoje, quando, aposentado mas muito ocupado, seu ativismo se estendeu para abranger a luta pela conscientização da Aids. Seu legado chegou a ser celebrado numa série de quadrinhos.

Mesmo durante os anos iniciais de seu ativismo em Johanesburgo, as mulheres se sentiam atraídas por Mandela devido a seu calor humano e sua aparência física, que chamava a atenção.

"Com 1,93 metro de altura, Mandela, no contexto dos anos 1940, era literalmente um gigante. O charme era outra de suas qualidades cruciais," escreve Lodge.

Sua fama mundial seria intensificada pelos 27 anos de cárcere que começaram em agosto de 1962 -- décadas que coincidiram com o auge do movimento pelos direitos civis nos EUA, a descolonização da África e outras ondas de protesto social.

Também foram as décadas marcadas pela ascensão da televisão e do estrelato de celebridades. Através de tudo isso, Mandela permaneceu jovem na percepção pública, devido a seu ativismo anterior à prisão e a suas fotos dessa época.


SEMELHANTE A CHE

Embora Lodge não faça essa comparação no livro, a imagem de Mandela era, sob alguns aspectos, semelhante à do legendário revolucionário cubano Che Guevara.

"O encarceramento manteve Mandela jovem e militante. As imagens também foram muito importantes no processo de mitologização de Che. Ambos foram ícones da geração dos anos 1960 e, mais tarde, de jovens de todos os tipos", disse Lodge à Reuters, respondendo a perguntas por e-mail.

A estatura de Mandela cresceu ainda mais quando ele perdoou seus antigos opressores e carcereiros, conduzindo seu país à democracia e tornando-se seu primeiro presidente negro.

Fonte Uol : Link

1989 - Livro - "Nelson Mandela: A Luta é a Minha Vida"

 
Nelson Mandela: A Luta é a Minha Vida", Nelson Mandela (1989)


Este livro vem esclarecer a sociedade brasileira sobre o movimento de resistência da população africana ao aqpartheid e sua luta pela dignidade; A vida de Nelson Mandela é a própria encarnação da luta. 

2008 - Livro - Conquistando o Inimigo: Nelson Mandela e o Jogo que Uniu a África do Sul


Conquistando o Inimigo: Nelson Mandela e o Jogo que Uniu a África do Sul (2008), de John Carlin, que inspirou o filme "Invictus", de Clint Eastwood.

Se você é como a maioria das pessoas, sabe que Nelson Mandela passou 27 anos preso e foi o líder da luta conta o apartheid na África do Sul. Sabe também que ele ganhou o Prêmio Nobel da Paz e chegou à presidência nas primeiras eleições livres de seu país. Mas não deve saber nada sobre a Copa do Mundo de Rúgbi de 1995.

Em Conquistando o inimigo, o jornalista John Carlin narra aquela que talvez seja a passagem política mais bem-sucedida de nossa geração. Parafraseando Garibaldi após a unificação da Itália, as eleições de 1994 tinham criado uma nova África do Sul, mas restava o desafio de criar os sul-africanos. Em busca de uma causa capaz de unir brancos e negros, Mandela concordou em sediar a Copa do Mundo de Rúgbi.
A escolha desse esporte parecia absurda. Por décadas, o rúgbi fora um símbolo do apartheid. Dessa forma, mais improvável que ganhar a Copa era o Springboks - o time nacional - conquistar o coração dos negros.

Mandela precisava que o povo acreditasse no slogan "um time, um país". Ele teve de fazer os negros verem os jogadores como "nossos rapazes" e assegurar aos brancos que eles tinham um lugar de direito na nova nação. Para isso, mostrou-se um líder carismático e flexível, capaz de conter seus aliados e seduzir seus adversários.

2007 - Livro - "Mandela, Retrato Autorizado"

 


Mandela: Retrato Autorizado - é a mais recente biografia realmente autorizada de Nelson Mandela, Com prefácio de Kofi Annan, ex-secretário geral da ONU, e introdução do Arcebispo Anglicano Emérito da Cidade do Cabo, Desmond Tutu, o livro conta com 60 entrevistados em todo o mundo. São, portanto, 60 pontos de vista diferentes sobre Mandela, além de destacar as mais variadas facetas de um dos grandes homens do século 20, que promoveu a reconexão entre a justiça e a política. Mac Maharaj e Ahmed Kathrada localizaram todas essas fontes e realizaram uma pesquisa de conteúdo e fotográfica intensa que resultou em uma coletânea de imagens raras e algumas inéditas.

Amigos, familiares e pessoas que tiveram alguma ligação com Mandela no âmbito político e religioso, como Bono, vocalista da banda U2, o ex-presidente dos Estados Unidos, Bill Clinton e Tony Blair, primeiro-ministro inglês, deram seus depoimentos. Porém, segundo Mac Maharaj, "o que tornou este livro tão especial foi que ele não mencionou apenas os grandes nomes, permitindo que Mandela seja visto de diferentes perspectivas e experiências, sentidas particularmente".

Mandela: Retrato Autorizado se tornou um complemento da autobiografia de Nelson Mandela, "Longo Caminho para a Liberdade" (Companhia das Letras), feita com escritos produzidos durante o tempo em que ficou preso. Mac Maharaj, que passou 12 anos preso em Robben Island, lendária ilha-prisão de segurança máxima ao largo da Cidade do Cabo, com Mandela, comenta que "o livro reuniu um conteúdo tão concreto que materializou a constatação de que os fatos passados durante a transição da África democrata são exatos".

2005 - Livro - Mandela - uma Lição de Vida

Os Caminhos de Mandela: Lições de Vida, Amor e Coragem 



Por mais de dois anos, em pleno período de reconstrução democrática da África do Sul, nos início dos anos 1990, o editor da revista Time Richard Stengel presenciou o dia-a-dia de Nelson Mandela. Na época, o líder político conduzia o país a suas primeiras eleições livres, aos mesmo tempo em que era auxiliado por Stengel na tarefa de escrever a autobiografia Longo Caminho Para a Liberdade (1993). As incontáveis horas de convívio resultaram num relacionamento de íntima amizade. E na descoberta, por Stengel, das múltiplas facetas do homem complexo que vive sob a capa de herói do nosso tempo.

A essência dessa descoberta está em Os Caminhos de Mandela: Lições de Vida, Amor e Coragem, lançamento da Editora Globo prefaciado pelo próprio Mandela. O livro vai além de radiografar a figura mítica que libertou seu povo do preconceito racial e conclamou opressores e oprimidos a reinventarem uma nação. Stengel foca seu olhar sobre situações da vida em que, testado pelas circunstâncias, Mandela distribuiu suas mais perenes lições de liderança e sabedoria. Por meio da vida do estadista, o leitor aprende, por exemplo, por que a coragem é mais do que a ausência de medo, por que devemos manter nossos adversários por perto, por que "ambos" é quase sempre melhor do que "isto ou aquilo", por que precisamos encontrar no mundo algo que nos proporcione realização e significado - nem que isso se resuma a cuidar de uma simples horta.
Cada uma dessas lições relaciona-se a episódios da trajetória de Mandela: do garoto protegido de um rei tribal aos primeiros anos de luta contra o regime segregacionista do apartheid, dos 27 anos como preso político aos anos de plena maturidade do agraciado com o Prêmio Nobel da Paz de 1993. Combinando concisão e profundidade, o livro condensa o pensamento vivo de uma personalidade extraordinária, forjada ao longo de mais de 90 anos no exercício de diferentes papéis - guerrilheiro, mártir, marido, presidente, guia moral. As ideias e o exemplo de Mandela, mais do que proporcionar boa leitura, nos convidam à reflexão tanto sobre as coisas para as quais não damos o devido valor quanto para o legado que pretendemos deixar para as futuras gerações.