Nelson Mandela foi libertado há
precisamente 22 anos. Um dos prisioneiros mais famosos da História saiu
da prisão Victor Verster, nos arredores da Cidade do Cabo, a 11 de
Fevereiro de 1990, depois de ter passado 27 anos encarcerado. Foi
recebido nas ruas por milhares de pessoas. Era o princípio do fim do
apartheid.
Para assinalar a data da libertação de Madiba, um dos
homens que mudou a História de África, o SAPO apresenta uma lista de 10
coisas importantes que devemos saber sobre Mandela.
Símbolo da resistência ao apartheid
Mandela é um resistente por natureza. Ainda antes de
lutar contra a segregação racial que se vivia em África do Sul, Mandela,
enquanto estudante de Direito na Universidade de Fort Hare, participou
num boicote contra as políticas universitárias. Madiba, como também é
conhecido, acabou mesmo por ser expulso da universidade, em 1934. Mas a
sua luta maior, e mais reconhecida, foi a oposição que exerceu contra o
regime apartheid, que vigorava no seu país. Este sistema negava aos que
não fossem brancos direitos políticos, sociais e económicos.
Em 1942, Nelson Mandela juntou-se ao Congresso
Nacional Africano (CNA), um movimento clandestino, que lutava contra o
regime baseado na discriminação racial. Dois anos depois, Mandela fundou
a Liga Jovem do CNA.
Mandela tornou-se ainda mais activo politicamente
depois de, em 1948, os Afrikaners (Partido Nacional), que apoiavam a
política de segregação racial, terem vencido as eleições. Em 1955,
Mandela fazia parte do Congresso do Povo (do CNA), que divulgou a Carta
da Liberdade, documento que continha as bases da causa anti-apartheid.
Acusado de traição
Antes da acusação de traição, Mandela já tinha sido
preso. Corria o ano de 1962 e Nelson Mandela foi condenado a cinco anos
de prisão, por incentivar greves e por ter, segundo a acusação, viajado
ilegalmente para o exterior.
Dois anos depois foi condenado a prisão perpétua por sabotagem, crime que Mandela assumiu, e por ter traído o país, já que teria conspirado para ajudar outros países a invadirem a África do Sul. O político negou sempre esta última acusação.
Dois anos depois foi condenado a prisão perpétua por sabotagem, crime que Mandela assumiu, e por ter traído o país, já que teria conspirado para ajudar outros países a invadirem a África do Sul. O político negou sempre esta última acusação.
Nelson Mandela tornou-se, ao longo dos 27 anos de
prisão, um dos símbolos contra o regime. De tal forma, que a frase
“Libertem Nelson Mandela” foi um dos lemas das campanhas anti-apartheid
em vários países.
Libertação e viragem histórica
Este sábado passam 22 anos sobre a libertação de
Nelson Mandela. Este acontecimento foi um marco na História da África do
Sul. Mais de 50 mil pessoas receberam Mandela nas ruas da Cidade do
Cabo. O sentimento era o de que a libertação significasse o fim do
apartheid e o início de uma nova era.
Mandela esteve preso até ao dia 11 de Fevereiro de
1990, quando a campanha do CNA e a pressão internacional conseguiram
fazer com que o presidente sul-africano na altura, Frederik Willem de Klerk, se decidisse pela libertação de Mandiba.
Na década anterior, a oposição contra as reformas
idealizadas pelos políticos no poder ganhava cada vez mais força. Vários
líderes anti-apartheid foram presos e à medida que cresciam os
protestos contra o regime aumentava também a opressão e a violência
contra os protestantes.
Apesar de ter sido um processo complexo, a libertação
de Mandela significou mesmo o princípio do fim do regime. Em 1990, o
Presidente de Klerk iniciou negociações para acabar com o apartheid.
Esse processo terminaria a com a realização de eleições multirraciais e
democráticas em 1994.
A presidência do CNA
Mandela era uma referência do CNA e depois de ter sido
libertado tornou-se no presidente do partido, que a partir de 1990
passou a ser legal. Os ideais de paz, liberdade, fraternidade e o
objectivo de promover uma reconciliação nacional que levou a cabo
juntamente com o Presidente de Klerk valeram-lhe um enorme prestígio no
país e no mundo.
Nelson Mandela é um dos políticos mais conhecidos e
respeitados do continente africano e não só: existe uma espécie de
consenso mundial no que respeita à admiração das qualidades políticas e
humanas de Mandiba. A presidência do CNA permitir-lhe-ia vencer mais
tarde as primeiras eleições pós-apartheid.
O Nobel, para ele e para de Klerk
Nelson Mandela já recebeu mais de 250 prémios, foi
agraciado com a Ordem de St. John, pela rainha Elizabeth II, recebeu a
medalha presidencial da Liberdade do ex-presidente dos EUA, George W.
Bush, a Ordem do Canadá, o prémio Embaixador de Consciência pela
Amnistia Internacional e o Bharat Ratna, a mais alta distinção da Índia.
Mas a honra mais importante ocorreu em 1993, quando foi galardoado,
juntamente com de Klerk, com o Prémio Nobel da Paz. A Academia sueca
distinguiu-o pelo seu “trabalho pelo fim pacífico do regime apartheid e
por estabelecer os princípios para uma nova África do Sul democrática”.
O Primeiro Presidente negro da África do Sul
A eleição de Nelson Mandela como o primeiro Presidente
negro da África do Sul é outro dos acontecimentos que fazem com que a
vida de Mandela se confunda com a História daquele país. Foi no ano de
1994 que se realizou o primeiro escrutínio da África do Sul democrática.
O CNA, liderado por Mandela, venceu com 60% dos votos. Mandiba
desempenhou a função até 1999.
Evelyn, Winnie e Graça Machel, as mulheres da sua vida
Nelson Mandela casou-se três vezes. A primeira mulher de Mandela foi a enfermeira Evelyn Ntoko Mase, de quem
se divorciou em 1957, depois de 13 anos de casamento. Passado um ano,
casou-se com a também política Winnie Madikizela (na foto). Ficou com
Winnie durante 38 anos, divorciando-se em 1996. Na altura foram
noticiadas divergências políticas entre o casal, que terão levado à
separação. No dia em que fez 80 anos, Mandela casou-se com Graça Machel, viúva de Samora Machel, antigo presidente moçambicano.
A luta contra a SIDA
Nelson Mandela deixou a presidência da África do Sul
em 1999. A sua vida a partir daí foi dedicada a causas humanitárias e à
defesa dos direitos humanos. Uma das suas maiores batalhas é a luta
contra a SIDA, doença que vitimou o seu único filho.
Uma das instituições que patrocina é a organização
não-governamental (ONG), 46664, uma associação de luta contra a SIDA,
que tem este nome por ter sido o número de Mandela na prisão.
Aos 85 anos, em 2004, Mandela anunciou que ia retirar-se da vida pública. Os problemas de saúde e o desejo de aproveitar o tempo que lhe resta com a família foram os motivos invocados para tal decisão. Mas pouco tempo depois fez uma excepção: viajou para a Índia, onde participou na XV Conferência Internacional sobre SIDA.
Aos 85 anos, em 2004, Mandela anunciou que ia retirar-se da vida pública. Os problemas de saúde e o desejo de aproveitar o tempo que lhe resta com a família foram os motivos invocados para tal decisão. Mas pouco tempo depois fez uma excepção: viajou para a Índia, onde participou na XV Conferência Internacional sobre SIDA.
Invictus, o filme que conta um pouco da intensa vida de Mandela
O filme “Invictus”, lançado em 2009, conta a vida de
Mandela pouco depois de ter sido eleito Presidente. Na altura, corria o
ano de 1995, Mandiba sabia que o racismo e os problemas económicos e
sociais continuavam a dividir a sociedade sul-africana. Aproveitando a
realização do Campeonato Mundial de Rugby no seu país, Mandela apoia
fervorosamente a selecção de África do Sul, usando o deporto para passar
mensagens de união e esperança. A equipa sul-africana obteve um
excelente desempenho, chegando à final do torneio, que venceu, num jogo
diante da Nova Zelândia. Morgan Freeman foi o actor escolhido para
interpretar a personagem de Nelson Mandela, num filme realizado por
Clint Eastwood.
Frases célebres de Mandela
"Sonho com o dia em que todas as pessoas levantar-se-ão e compreenderão que foram feitos para viverem como irmãos."
"Uma boa cabeça e um bom coração formam uma formidável combinação."
"Não há caminho fácil para a Liberdade."
"A queda da opressão foi sancionada pela humanidade, e é a maior aspiração de cada homem livre."
“Ser livre não significa apenas libertar-se das correntes mas viver de forma que respeite e envolva a liberdade dos outros.”
"A educação é a arma mais forte que você pode usar para mudar o mundo."
“Eu odeio o racismo, pois o considero uma coisa selvagem, venha ele de um negro ou de um branco.”
“Sonho com uma África em paz consigo mesma.”
“Sempre parece impossível até que seja feito.”
"A luta é a minha vida. Continuarei a lutar pela liberdade até ao fim dos meus dias."
Fonte Notícias.sapo: link
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