domingo, 8 de dezembro de 2013

2006 - Livro - Mandela: A Critical Life

 
"Mandela: A Critical Life", do analista político Tom Lodge, pode provocar alguma surpresa com o retrato humano que traça e as ocasionais críticas brandas feitas a um homem visto por muitos no mundo como um santo secular.

Entretanto, como a humildade é uma de suas qualidades mais cativantes, parece pouco provável que Mandela, que em 18 de julho completa 88 anos, faça alguma objeção ao livro.

"Na corte e na escola, Mandela aprendeu princípios de etiqueta e de cavalheirismo que continuaram a ser preceitos importantes para ele ao longo de sua vida pública", escreve Lodge, que é professor de estudos de paz e conflito na Universidade de Limerick, na Irlanda, e comentarista de assuntos sul-africanos há anos.

"A ausência de contatos intimidadores ou humilhantes com brancos em sua infância é importante e, até certo ponto, diferencia sua infância da de muitos outros sul-africanos."

A atenção que o autor dedica à infância de Mandela e a importância dela para o desenvolvimento posterior do político diferencia o livro de outras obras sobre Mandela, que tendem a focalizar seu ativismo na vida adulta e os anos que ele passou na prisão.

Nascido num clã de conselheiros reais de um chefe de importância maior, Mandela cresceu num mundo de tradições sociais rígidas, o que ajuda a explicar seu respeito pela autoridade e as boas maneiras.


DISCIPLINA

O internato metodista em que estudou pode lhe haver conferido a disciplina que o distinguiu pelo resto da vida.

Lodge descreve que, na instituição metodista de Healdtown, onde Mandela estudou, "as relações entre os docentes brancos e negros eram pelo menos formalmente respeitosas".

Esse espírito seria encontrado também na Universidade de Witwatersrand, onde Mandela estudou direito e, na década de 1940, entrou em contato com radicais brancos.

Ele se interessou pelo nacionalismo africano e, num primeiro momento, desconfiou dos comunistas, aos quais acabou aderindo como parte da luta multirracial unida contra o apartheid.

Sua crença no multirracialismo, na década de 1950 -- a época em que o Partido Nacional, que chegara ao poder em 1948, estava endurecendo as leis do apartheid -- se tornaria um tema dominante em sua carreira política com o Congresso Nacional Africano (CNA).

Lodge relata e procura explicar a ascensão de Mandela à condição de superastro no palco mundial.

É uma condição que ele goza até hoje, quando, aposentado mas muito ocupado, seu ativismo se estendeu para abranger a luta pela conscientização da Aids. Seu legado chegou a ser celebrado numa série de quadrinhos.

Mesmo durante os anos iniciais de seu ativismo em Johanesburgo, as mulheres se sentiam atraídas por Mandela devido a seu calor humano e sua aparência física, que chamava a atenção.

"Com 1,93 metro de altura, Mandela, no contexto dos anos 1940, era literalmente um gigante. O charme era outra de suas qualidades cruciais," escreve Lodge.

Sua fama mundial seria intensificada pelos 27 anos de cárcere que começaram em agosto de 1962 -- décadas que coincidiram com o auge do movimento pelos direitos civis nos EUA, a descolonização da África e outras ondas de protesto social.

Também foram as décadas marcadas pela ascensão da televisão e do estrelato de celebridades. Através de tudo isso, Mandela permaneceu jovem na percepção pública, devido a seu ativismo anterior à prisão e a suas fotos dessa época.


SEMELHANTE A CHE

Embora Lodge não faça essa comparação no livro, a imagem de Mandela era, sob alguns aspectos, semelhante à do legendário revolucionário cubano Che Guevara.

"O encarceramento manteve Mandela jovem e militante. As imagens também foram muito importantes no processo de mitologização de Che. Ambos foram ícones da geração dos anos 1960 e, mais tarde, de jovens de todos os tipos", disse Lodge à Reuters, respondendo a perguntas por e-mail.

A estatura de Mandela cresceu ainda mais quando ele perdoou seus antigos opressores e carcereiros, conduzindo seu país à democracia e tornando-se seu primeiro presidente negro.

Fonte Uol : Link

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